o outro lado da morte

Ninguém nos ensina  a estarmos preparados para, de um dia para o outro, aprendermos a viver sem uma pessoa que é um alicerce na nossa vida. É daquelas coisas que cada um tem que aprender por si, uns sozinhos, outros com medicamentos e psicoterapias, outros sabe Deus como… Depois de chorar, espernear e desesperar eventualmente voltamos a pôr-nos em pé e seguimos em frente. Ninguém nos ensina, ninguém está preparado, mas sei que já todos ouviram falar.

O que ninguém ensina e poucos sabem é que a morte tem um lado B. Não sei como é nos outros países, mas por cá gostam de nos atirar isso à cara, principalmente quando já estamos em pé. E não, não estou a falar das carpideiras e falsos beatos, que apontam o dedo a quem não veste preto, a quem não vai ao cemitério no dia marcado no calendário e quem não gasta rios de dinheiro em flores que duram meio dia, tudo em prol do amor ao morto – ou será amor ao que (acham eles) que fica bem?!

O outro lado de que aqui falo hoje inclui o nosso serviço de finanças, registos e companhias limitadas.  As heranças, onde muitos ignorantes pensam ver qualquer tipo de conforto, não passam de um fardo bem pesado para quem cá fica. Nisto das heranças diz que somos todos iguais, pagamos todos por igual, trimilionários ou desempregados, pelo que efectivamente herdámos, e pelo que não sabemos sequer se existe, porque só temos o dever de pagar, e não o direito de saber o quê. Nem sequer temos o direito de não querer ter coisas. Obrigam-nos a revisitar o passado, a viver tudo outra vez, como que a dor que carregamos não fosse já suficiente.  E todos os anos nos pedem contas novas.

Isto é só um desabafo, com este texto não espero compreensão.  Sei que visto de fora isto parece ridículo e sem cabimento (acreditem, não é).

A vida tirou-me o meu pai e eu tento arrumar as  gavetas interiores como posso. Mas o outro lado da morte leva o que resta das minhas forças (e conta bancária, já agora).

Mas afinal de contas o que é que isto tudo interessa? Neste país a preocupação maior é um sr da FIFA que chamou de nomes o Ronaldo.

o outro lado da morte

status

Achei que pelo menos devia voltar aqui para dizer que afinal não houve Costa Azul para ninguém. Uma emergência familiar obrigou-nos a refazer os planos e em vez de apanhar um vôo para Marselha fizemos uma mini roadtrip à Galiza. Como um azar nunca vem só tivemos a companhia da chuva todos os santos dias e decidimos que sim, são sítios muito giros, mas temos que voltar outro dia com sol. E talvez a caminhar.

Entretanto não me tem apetecido voltar à programação habitual. Não se passa nada de mal, a minha única angústia de momento são os milhares de kms que me separam da minha melhor amiga, enquanto o skype não incluir teletransporte não me contento. Fora isso até estou em paz com o mundo e com o que e quem tenho.

Estou a comemorar o primeiro aniversário de uma volta de 180º na minha vida ao lado do melhor que me podia ter acontecido,  com toda a certeza que este é o lado certo. E também estou a viver a felicidade da outra minha família adoptiva e da reviravolta que vem aí. Estou muito orgulhosa da minha irmã. E tenho saudades do meu pai, todos os dias.

Vi há uns dias este vídeo viral que falava sobre um estudo científico que comprova que a verdadeira chave da felicidade é a gratidão.  Agradeço muito, mesmo muito, tudo o que tenho de bom e todos os que me querem bem, da mesma forma  agradeço aos maus bocados que passei e às pessoas que tomaram a liberdade de sair da minha vida as lições que aprendi, tornei-me uma pessoa melhor, sem dúvida!  Já tinha chegado a essa conclusão há algum tempo, e desde aí tirei 100kgs das minhas costas.

Estou bem assim. Volto quando me apetecer.

status

agora sou eu

Agora que a rebaldaria de Agosto já passou, que o pessoal já voltou a queixar-se  das segunda-feiras e a desbocar-se em TGIFs,  chega a minha vez de ir dar ao chinelo por aí fora durante duas semaninhas!

Sendo que na primeira semana me cabe a tarefa de mostrar o nosso jardim murcho à beira-mal plantado a duas amigas Húngaras, queiram por favor dizer-me o que se mostra aos estrangeiros em Lisboa e em Coimbra, tirando as turistices básicas, assim coisas giras e diferentes, que eu não conheço esses sítios muito bem.

Depois do vá para fora cá dentro, é vez de ir passar férias à pobre na zona dos ricos, que é como quem diz aproveitar os vôos para Marselha a 50€, pernoitar em casa de familiares e cravar-lhes o carro e apanhar sol mediterrânico na moleirinha. Côte d’Azur, on y va!

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Contem comigo para ir metendo nojo entretanto.

E sim, obviamente que vou voltar mais cansada do que fui, mas isso agora não interessa nada.

agora sou eu

Weekly Photo Challenge: Sea | Aveiro

Back to the weekly photo challenge.

I moved from the Portuguese countryside to the coast (Aveiro) 8 years ago, where the exploitation of salt is part of the region’s history. After all this years living here I still find the salt pans fascinating! The sunset here is gorgeous.

collage_avr

Em ti falamos e diremos mais 
A todo o mundo todos os mortais 
Que tens palheiros e montes de sal 
Tens Moliceiros pelos teus canais 
Ainda és a Veneza de Portugal
Aguas que a ria levou para o mar
São lágrimas de uma flor
Braços de ria para te abraçar
Tricana cheia de amor
Aveiro dos estudantes
Vidas cintilantes 
Não vamos esquecer
Que seremos teus amantes
Até morrer
Weekly Photo Challenge: Sea | Aveiro

music mondays

Primeira segunda-feira de Setembro. Dia sôfrego para os agostianos deste mundo que dizem adeus às suas vacances e dia de júbilo para os que, tal como eu, são um pouco agorafóbicos e fuinhas e optam por marcar férias neste mês e podem, finalmente, começar o countdown oficial.

Como eu sou amiga de todos deixo uma musiquinha que dá jeito às duas partes, para uma transição bem smooth e ainda com um cheirinho a noites quentes de verão.

Mayra Andrade, a menina bonita de Cabo Verde que canta em várias línguas diferentes, já com alguns aninhos de uma carreira muito bem sucedida mas que agora parece querer aproximar-se de um público mais abrangente. E a meu ver está a fazê-lo muito bem! Quem gosta de Pink Martini, por exemplo, não ficará indiferente a este “We used to call it love”.

music mondays

O dia em que eu fiz um post fashion

Se o mundo deixa sair à rua pessoas que vestem leggings com camisolas curtas (estou tão farta de ver pipis e rabos alheios), que usam unhas tuning e têm capas de telemóvel com berloques e orelhas de coelho, porque não poderia eu perder a cabeça e arranjar umas sapatilhas cheias de purpurinas?

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(Não sei enfiar atacadores e ainda os aperto como ensinam no jardim de infância)

O dia em que eu fiz um post fashion

Broken

Finalmente um filme de 2013 (é de 2012, mas vá) que sim senhora, gostei mesmo!

Não sei se já disse que, regra geral, prefiro o cinema europeu ao hollywoodesco. Gosto de filmes que mostrem pessoas normais, com vidas normais, onde nem todos são advogados/executivos bem sucedidos, e com toda a tragédia e comédia a que uma vida normal tem direito. E este Broken (que é britânico, btw) tem isso tudo. É um filme simples que mostra como num pequeno bairro encontramos facilmente pessoas boas, pessoas doentes, pessoas más e/ou traumatizadas, e o que pode resultar de toda esta convivência,

Ah! E tem uma banda sonora à altura, a cargo de Damon Albarn (o man dos Blur que aqui participa com os Electric Wave Bureau).

Broken